Nome do Livro: Feminismo em comum – Para todas, todes e todos
Autora: Marcia Tiburi
Editora: Rosa dos tempos
Ano: 2018
Páginas: 126
Trata-se de um livro teórico, onde a autora tenta desconstruir a estigma da mulher e, desconstruir a imagem erroneamente difundida do feminismo atualmente.
Publicada em 2010, a obra, da escritora mineira Adélia Prado, é um compilado de 71 poesias, divididas em 10 partes que na sua maioria são precedidas por uma passagem bíblica, que dão tom e abrem caminho ao texto.
É impossível não enxergar a forte influência religiosa nas poesias da autora, fazendo referência a textos bíblicos. Abordam temas como casamento, amor, sexo e o papel da mulher na sociedade, mas principalmente, há um conflito entre o sagrado e o profano na voz de sua poesia.
As demoras de Deus
Quero coisas pro corpo,
o que se suja sozinho
e diligente produz sua própria escória.
Por astúcia Vos lembro, ó Criador,
apesar de eterno e eu histórica,
tendes também um corpo.
Portanto, feitos um para o outro,
Vosso ouvido e minha língua.
Ouvi-me pois,
antes que, de tanto pedir-Vos,
do céu da boca me desabem os dentes.
Esse foi meu primeiro contato com a obra de Adélia Prado, confesso que não é o meu tipo de literatura, principalmente, esse forte tom religioso, muitas vezes recriminador. Apesar disso, nos poemas que mais me agradaram, senti uma ponta de desespero/exigência por liberdade.
Dois meninos de 12 anos, Eduardo e Paulo, amigos inseparáveis, encontram o corpo de uma mulher perto do lago onde estão nadando. A mulher era esposa do dentista da pacata cidade de interior, e foi brutalmente assassinada.
Depois de chamarem a polícia e de serem, a princípio, interrogados como suspeitos os dois meninos descobrem que o dentista, marido da vítima confessou o crime. Mas os meninos suspeitam que essa não seja a verdade, a mulher, muito mais jovem e alta, não poderia ser atacada pelo pequeno, idoso e frágil marido.
Eduardo e Paulo resolvem investigar o assassinato e contam com a ajuda de Ubiratan, um senhor idoso, que vive no asilo da cidade e quer mais que tudo sentir-se útil novamente. Os três começam a desvendar essa trama, cada vez mais complexa, que envolve política, corrupção, estupro, traições, a ligação da igreja e de grandes famílias da região, onde tudo parecia um simples uxoricídio já resolvido pela polícia.
Esse é o primeiro romance do jornalista Edney Silvestre, e foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2010. Adorei a maneira como o autor conduz à narrativa, as referências histórias, o humor leve envolvendo os dois meninos e o contraste entre eles e Ubiratan. A obra é de uma leitura muito rápida e como todo thriller, corremos para decifrar a trama, mas embora rápida, não é uma leitura leve, já que envolve temas sexuais e políticos. É um ótimo livro, mas achei que o desfecho seguiu para um caminho confuso que deixou pontas soltas.
Santiago é um velho pescador que mora em um vilarejo muito pobre e, está há 84 dias sem pescar nenhum peixe. Ele é viúvo e estaria completamente sozinho na vida, se não fosse pelo menino Manolin, seu discípulo.
Manolin tem um amor e devoção inabaláveis, pelo velho Santiago. Aprendeu com ele a pescar, mas por insistência de seus pais deixou de acompanhar o velho pescador em sua fase de má sorte. Mesmo assim, o menino ajuda Santiago no final de cada dia e sonha em poder voltar a pescar com ele.
É em meio a esse cenário, que o velho, desacreditado pelo vilarejo e sozinho, parte para mais longe com seu pequeno barco, na tentativa de vencer essa má sorte. Santiago consegue fisgar um peixe de 5 metros (muito maior que seu próprio barco), e trava uma luta intensa contra a velhice, as dores, as angustias e a paciência, para conseguir levar esse gigante para casa.
Mas não é só pelo dinheiro ou pelo status que um peixe desse porte trará à Santiago, que ele se empenha nessa luta, é por coragem e fé, e um sentimento de imensa devoção ao mar e ao próprio peixe que ele enfrenta a batalha.
Mais que uma história sobre pescaria, esse livro é uma história de amizade e de bravura. É o ser humano que entende seu lugar na natureza, a beleza da forma mais primitiva e pura de pescaria, é a história de um homem que ama seu ofício, que ama seu peixe e que acredita em si mesmo. Tudo isso costurado numa linda e limpa narrativa que só Hemingway consegue tecer.
Conto clássico, publicado em 1892, trata de impotência. Da mulher perante o homem, da esposa perante o marido, da mente confusa e oprimida diante de um papel de parede.
A protagonista é uma mulher jovem, com um filho ainda bebê, que foi diagnosticada pelo médico, e marido, com uma histeria, um colapso mental, e o casal se instala em uma casa de campo para que a esposa possa se recuperar.
O marido e o irmão da protagonista são médicos, e tecem uma série de cuidados que ela deve tomar para a recuperação, tais como não praticar nenhum tipo de atividade física ou intelectual (ela gosta de escrever), ela deve esvaziar a mente e descansar. Mas o tempo ocioso e solitário (já que o marido passa o dia e às vezes noites trabalhando) faz com que a esposa deixe de lado as recomendações e começa um diário, onde relata não só pormenores de sua vida e relação com o marido, mas detalhes do papel de parede do quarto.
A princípio ela não gosta do papel, chega a sentir medo dele, mas com o tempo começa a notar um padrão em suas irregularidades e, observá-lo, passa a ser sua atividade principal. Ela o descreve como irregular, descobre que há mais de um plano no papel e nota que há uma mulher presa ao padrão. Sua luta acontece na tentativa de desvendar o papel e libertar essa mulher presa, libertando a si mesma.
O livro é uma metáfora brilhante sobre a condição da mulher e uma crítica à sociedade da época. O texto é autobiográfico, já que a autora passou por um caso semelhante antes de divorciar-se do primeiro marido. Pode parecer uma história de suspense, mas é um clássico do feminismo que ficou incompreendido por décadas, e hoje ganha o destaque merecido.
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