Há inúmeros relatos sobre as guerras no decorrer da história do mundo. Há diversos livros, filmes e documentários sobre o assunto, mas nenhum deles exclusivamente sobre a experiência das mulheres. “A guerra não tem rosto de mulher”, escrito por Svetlana Aleksiévitch, veio para mudar essa realidade. 

O livro, publicado pela primeira vez em 1985, afasta a ideia de que a guerra só acontece no front, que a guerra é romântica, de que as enfermeiras ficam lindas e limpas esperando os feridos, de que quem espera um parente retornar da guerra espera no conforto de sua casa e, quem retorna, retorna apenas cheio de alegria.
Svetlana traça a guerra real utilizando depoimentos de mulheres sobreviventes e seus familiares. Foram mais de 500 entrevistas ao longo de vários anos, são mulheres das mais diversas profissões e idades que se separaram dos filhos, maridos, pais e amigos.
Mesmo usando depoimentos para compor seu livro, a narrativa e a forma como a autora organiza a obra faz dela muito fluida. Os testemunhos são muitas vezes angustiantes, falam sobre morte, mutilações e fome. Mas há outros relatos nunca vistos antes sobre a guerra, falam sobre os animais nos arredores dos bombardeios, falam sobre as meninas que tiveram seu primeiro ciclo menstrual no front, das mulheres que pararam de menstruar e ficaram com os cabelos brancos aos 20 anos.


Esse é um livro importante não só para entender um pouco mais sobre a ex União Soviética ou a Segunda guerra mundial, mas principalmente, para desmistificar o papel da mulher na guerra.Sim, muitas ficaram na retaguarda, mas milhares lutaram no front. Svetlana dá voz à elas.

Nome do Livro: A guerra não tem rosto de mulher
Autora: Svetlana Aleksiévitch
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2016
Páginas: 391