Extremamente patriota, o major Policarpo Quaresma é cômico aos olhos das pessoas. Seu amor pelo Brasil e suas ideias nacionalistas, fazem-no ser visto com estranheza.
A obra é um compilado de 9 artigos, escritos pela jornalista e historiadora Rebecca Solnit, abordando temas políticos e sociais, mas principalmente, sobre a posição da mulher na sociedade.
O primeiro artigo “Os homens explicam tudo para mim”, que intitula o livro, a própria autora estava em uma festa, e o anfitrião um homem rico e bem relacionado começou a falar para ela sobre um livro importantíssimo que foi publicado naquele ano, e a explicar o tema complexo desse livro, sem lhe dar a chance de contar que a autora da obra que ele mencionava, era ela mesma. Esse artigo, inspirou a origem do termo “mansplaining”, junção das palavras man (homem) e explaining (explicam), para descrever homens que tentam explicar ás mulheres assuntos que elas já dominam.
A autora cita casos de estupro coletivo, assassinatos em massa e violência doméstica e, munida de estatísticas, expõe a cultura machista enraizada na sociedade. Outros temas desenvolvidos por Rebecca, é o confinamento/silenciamento (Avó aranha) e a falta de credibilidade (A síndrome de Cassandra) que envolve as mulheres.
A literatura feminista tem crescido muito nos últimos anos, tanto com novas obras, como com textos antigos republicados. Meu contato ainda é recente, e das obras que já li, achei esse livro mais direto, duro, impactante e esclarecedor, e expande a discussão sobre exploração, misoginia, sexismo e violência.
João aos 50 anos se torna pai pela segunda vez e, a chegada de Bia traz toda uma apreensão sobre o futuro.
Ainda na maternidade, o pai João começa a escrever um caderno, uma espécie de diário do adeus, para deixar à filha quando não estiver mais presente. A todo momento, o pai deixa claro para a filha que não estará com ela no futuro, que a perda é inevitável, e começa a imaginar acontecimentos na vida futura da menina e quais conselhos ele lhe daria se estivesse com ela.
Além desses conselhos, o pai conta para a filha um pouco de sua própria infância, sobre seus pais e avós, pessoas que ele já perdeu e que a pequena Bia nem chegará a conhecer. Fala muito sobre o desejo de sua esposa em ser mãe e em como Bia foi desejada e esperada.
” Mas tu, não. Vens com esta marca, de minha ausência, a envolver inteiramente a tua vida, e este é um dos primeiros sustos que temos nesta existência, somos o que somos, não há como alterar a nossa história, sobretudo se ela já começa no meio, ou mais próxima ao fim – esta porta do hospital, de vaivém, foi a tua porta de entrada, talvez seja a minha de saída – […]” .
A obra é cheia de nostalgia e de uma beleza triste. Não tem como não se emocionar com a constatação de uma pai que, sabe que não viverá o suficiente para ver a filha crescer. E no que parece um texto, divinamente poético, mas simples, Carrascoza consegue nos surpreender com o desfecho.
De origem humilde, o estudante Raskólnikov vive longe da família em São Petersburgo, sem dinheiro para nada, o jovem tem que deixar a universidade, não consegue trabalho, está endividado e começa a penhorar com uma velha agiota, seus poucos pertences.
Diante da notícia do noivado de sua adorada irmã Dúnia, com um homem que repudia, Raskólnikov é tomado pelo sentimento de raiva, sente que falhou em seu papel de provedor da irmã e da mãe, e num ato de “desespero” resolve cometer um crime.
O crime: matar e roubar a velha agiota. A senhora com quem Raskólnikov penhora seus pertences, é uma mulher pouco estimada na cidade, conhecida por ser avarenta, ranzinza e por tratar como escrava sua irmã Lizaveta, além de humilhar seus clientes, principalmente Raskólnikov.
Com tudo milimetricamente planejado, Raskólnikov mata a velha agiota a machadadas, mas no momento em que está roubando as jóias e o dinheiro, a irmã Lizaveta volta mais cedo e ele não tem alternativa senão matá-la também.
Raskólnikov não é ligado aos assassinatos e, outra pessoa chega a ser presa pelo crime, deixando-o fora das investigações, mas sua consciência o atormenta e isso começa a chamar a atenção.
Em meio a delírios (ele adoece e tem febres altíssimas) e sonhos, a própria consciência de Raskólnikov molda os prós e contras de seus atos e a todo instante ele julga a si mesmo. E mesmo depois de desfazer-se dos objetos roubados, ele não consegue se livrar da tormenta em sua mente. Parecia o crime perfeito, mas ele não consegue superar seu maior castigo, o sentimento de culpa.
Outra questão que o atormenta, é que Raskólnikov defendia a teoria que afirma a existência de pessoas extraordinárias, como Napoleão Bonaparte, e que essas pessoas devem ser subordinadas a um regime diferenciado de leis, que lhes permitam fazer coisas que não são permitidas aos demais, os chamados ordinários. O sentimento de culpa que assola Raskólnikov mostra que diferente do que pensava ele não é extraordinário, e isso o envergonha.
Publicado em 1866, Crime e castigo aprofunda o confronto entre questões ideológicas e morais, trata amplamente de filosofia e psicologia enquanto debate a angustia e os conflitos da alma humana. Mais que um romance sobre um crime e sua punição, a obra revela a consciência de um criminoso e as questões que o leva a cometer o crime, além de expor as idéias do autor sobre moralidade e religião, principalmente, na redenção de Raskólnikov no amor (pela prostituta Sônia) e na fé.
Dois meninos de 12 anos, Eduardo e Paulo, amigos inseparáveis, encontram o corpo de uma mulher perto do lago onde estão nadando. A mulher era esposa do dentista da pacata cidade de interior, e foi brutalmente assassinada.
Depois de chamarem a polícia e de serem, a princípio, interrogados como suspeitos os dois meninos descobrem que o dentista, marido da vítima confessou o crime. Mas os meninos suspeitam que essa não seja a verdade, a mulher, muito mais jovem e alta, não poderia ser atacada pelo pequeno, idoso e frágil marido.
Eduardo e Paulo resolvem investigar o assassinato e contam com a ajuda de Ubiratan, um senhor idoso, que vive no asilo da cidade e quer mais que tudo sentir-se útil novamente. Os três começam a desvendar essa trama, cada vez mais complexa, que envolve política, corrupção, estupro, traições, a ligação da igreja e de grandes famílias da região, onde tudo parecia um simples uxoricídio já resolvido pela polícia.
Esse é o primeiro romance do jornalista Edney Silvestre, e foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2010. Adorei a maneira como o autor conduz à narrativa, as referências histórias, o humor leve envolvendo os dois meninos e o contraste entre eles e Ubiratan. A obra é de uma leitura muito rápida e como todo thriller, corremos para decifrar a trama, mas embora rápida, não é uma leitura leve, já que envolve temas sexuais e políticos. É um ótimo livro, mas achei que o desfecho seguiu para um caminho confuso que deixou pontas soltas.
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