Isolamento. Hoje vivemos a pandemia de Covid-19 e estamos (ou pelo menos deveríamos estar)em isolamento, então sabemos bem o que essa palavra significa. Talvez se a covid-19 tivesse surgido nos anos 1950, sentiríamos o peso do isolamento com mais intensidade, sem a internet, as chamadas de vídeo, o atendimento remoto, como encararíamos essa pandemia?

Comunicação, mesmo à distância é ela que tem nos mantido lúcidos e é ela que liga os dois protagonistas do livro de Março da Tag curadoria, O céu da meia-noite. Augustine é um cientista que está locado num observatório na Cordilheira Ártica, acostumado a viver sozinho, quando uma catástrofe assola a Terra, mesmo com as inúmeras incertezas Augustine não quis deixar o observatório. Ele permanece por muito tempo solitário realizando sua pesquisa, quando encontra uma menina em uma das salas abandonadas, agora que não está mais só ele tenta se comunicar via rádio, tentando encontrar algum sobrevivente para resgatar a pequena Iris.Sully está a bordo da nave espacial Aether com outros 5 astronautas, numa viagem de 2 anos para estudar as luas galileanas de Júpter. Sully deixou a filha Lucy para viver essa aventura e agora que as comunicações com a Terra pararam abruptamente e, há incertezas sobre o que pode ter acontecido ou se até mesmo é seguro voltar para casa, os tripulantes da Aether correm contra o tempo para conseguir algum tipo de comunicação. E é pelas ondas do rádio que Sully encontra Augustine.
O livro da escritora norte-americana Lily Brooks-Dalton é um romance pós-apocalíptico com um pé na ficção científica. A obra retrata muito bem o isolamento e, como a própria autora diz: ” é um livro sobre caminhar de mãos dadas com a escuridão”. Ainda que tenha uma trama mais densa, a narrativa é envolvente e estimulante, o único ponto negativo é que a autora deixou alguns enigmas um pouco óbvios demais e, não causaram a surpresa que deveria no final.

Ouvi tantos comentários negativos sobre a adaptação da Netflix do romance de Lily Brooks-Dalton, que fui assistir com os dois pés atrás.
O filme, que está concorrendo ao Oscar 2021 na categoria efeitos visuais, como qualquer adaptação tem algumas mudanças que o diferencia do livro, mas nada que tenha prejudicado a essência da trama.No livro a autora intercala os capítulos de cada protagonista, e quando eu li eu gostava muito mais dos capítulos que se passavam no espaço com a personagem Sully, já no filme eu preferi as cenas no Ártico com o personagem Augustine. Acho que essa é a grande qualidade do filme, as imagens polares e a atuação do George Clooney, os demais atores que representam os astronautas não me convenceram assim como a maioria das imagens espaciais.No geral foi um bom filme, mas eu recomendo que quem tem interesse no livro o leia primeiro, para não estragar sua experiência de leitura com spoilers.

Nome do Livro: O céu da meia-noite
Autora: Lily Brooks-Dalton
Editora: Morro Branco (Tag Experiências Literárias)
Ano: 2021
Páginas: 288

Leia também a resenha do livro da Tag curadoria de Fevereiro de 2021, Sula de Toni Morrison