“Em grande parte da literatura, a fuga de uma mulher do jugo masculino leva ao arrependimento, ao sofrimento, se não ao desastre completo”, diz a autora Toni Morrison no prefácio de Sula.

Sula é o segundo romance de Morrison e não é um livro fluido, nem de longe uma leitura fácil e rápida. A trama se passa na cidade de Medallion nos Estados Unidos, mais precisamente, na comunidade onde vive a população negra da cidade, o Fundão.
Lá onde as pessoas não conseguem trabalho digno, onde vivem com o mínimo, um ambiente terrivelmente frio no inverno e insuportável no verão, vive duas famílias muito distintas. A família de Nel é muito conservadora e sua mãe vive sobre o subjugo do marido e mantém a ordem não só na casa como na postura da filha. Já Sula vive numa casa transformada pela avó em pensão, a mãe de Sula já é um pouco mais liberal e deixa a filha mais solta/livre.
Mesmo com as diferenças, nada impediu Nel e Sula de serem amigas, criando um laço e uma cumplicidade ainda na infância, que as tornou inseparáveis.
Depois de anos de amizade e, uma tragédia que aumentou ainda mais a cumplicidade entre as duas, Nel se casa e Sula vai embora do Fundão.
Quando volta, depois de 10 anos, Sula se mostra ainda mais liberal e independente e, para as pessoas da comunidade seu comportamento não é de uma mulher, mas de um homem, pior ainda, de um homem branco. Com isso toda a comunidade começa a rejeitá-la.
Toni Morrison nos leva ao limite da linguagem, onde não há explicações, tudo é subjetivo e a conclusão de todas as tramas está nas mãos do leitor. Trata-se de uma história triste e densa onde a escritora parece colar fragmentos de uma trama e nos pede para juntá-los.

Nome do Livro: Sula
Autora: Toni Morrison
Editora:Companhia das Letras (Tag Experiências Literárias)
Ano: 2020
Páginas: 192

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