O formato curto de um conto faz com que o escritor precise usar todo seu brilhantismo para prender o leitor desde a primeira página. Um escritor mediano não consegue esse tipo de artimanha e o pequeno conto acaba se arrastando. Haruki Murakami é um contista brilhante e a coletânea “Homens sem mulheres” confirma isso.


São 7 histórias completamente diferentes, mas que mantém um ponto em comum: retratar o que a ausência das mulheres causam nos protagonistas dessas histórias. São mulheres que deixam marcas profundas e Murakami explora toda a dor e solidão que a constatação de uma vida sem elas causa.


O autor abre a coletânea com o conto “Drive my car” (história que recentemente foi adaptada para o cinema e ganhou o Oscar de Melhor filme internacional), no conto um ator viúvo e muito reservado cria uma relação de amizade com sua nova motorista e, revela para ela momentos vividos com sua falecida esposa.


No conto “Sherazade” um homem que vive sozinho, recebe a visita de uma cuidadora toda semana e, a cada visita, ela conta uma história de seu passado. As histórias são sempre interrompidas porque a contadora precisa ir embora e, deixa o ouvinte ansioso pela próxima visita.


“Kino” foi o meu conto preferido da coletânea, talvez por se aproximar mais dos outros livros de Murakami que já li. Jazz, gatos e a brincadeira com o extraordinário faz da história do homem traído que abandona o emprego, uma viagem de incertezas típica do autor.


Diferente do que diz a sinopse dessa edição, as mulheres não são protagonistas dessas histórias, mas estão no centro do universo desses homens (muitas vezes machistas), a ponto de fazê-los desabar diante da impossibilidade de viver sem elas.

Nome do Livro: Homens sem mulheres
Autor: Haruki Murakami
Editora: Alfaguara
Ano: 2015
Páginas: 238