Tenho certa dificuldade em escrever sobre livros que gosto muito, é engraçado, mas, para mim, é mais fácil explicar o que não gosto em determinado livro, apontar suas falhas. Então, nesse momento a dificuldade é ainda maior, porque, Sul da fronteira, oeste do sol foi o melhor livro que li este ano, até agora.


A história se passa no Japão e é narrada por Hajime, ele nos fala de sua vida desde a infância e do quão foi difícil crescer sem irmãos, quando a maioria das crianças tinham pelo menos um. Mas, aos doze anos, Hajime conhece Shimamoto, uma menina que assim como ele é filha única, os dois desenvolvem uma amizade muito profunda e mesmo havendo um interesse amoroso mútuo, nada acontece. Quando a família de Hajime muda de cidade, eles perdem o contato e ambos sentem falta dessa amizade.
Passam-se anos, Hajime teve algumas namoradas, entre elas Izume a qual ele magoa profundamente, mas ele nunca se apaixona de verdade e sempre pensa em Shimamoto.
Muitos anos depois, Hajime até persegue uma mulher na rua achando que tratava-se de seu amor juvenil, mas no momento em que se aproxima da mulher, acontece algo muito suspeito e ele não consegue ver seu rosto, continuando em dúvida se aquela era mesmo Shimamoto.
Mais alguns anos passam, Hajime já está casado com Yukiko e tem duas filhas, ele já é um homem de 37 anos e dono de dois bares de sucesso na cidade e, é por causa dessa fama e de muitas aparições em revistas, que Hajime ganha uma surpresa, Shimamoto vai visitá-lo em um de seus bares.
Ele fica encantado com a beleza madura dela, eles conversam por muito tempo, mas sempre falando da vida dele, ela deixa claro a todo o momento que não pode e não quer falar sobre sua vida. Depois de muitos encontros, em uma nova visita ao bar, Shimamoto tem um pedido muito incomum a fazer, precisa de um favor de Hajime.
Esse é exatamente o tipo de livro que eu amo, profundo e intenso. Um livro, que por ser narrado em primeira pessoa, mostra o protagonista cru. Hajime não é um herói, longe disso, ele é irritante, machista, arrogante e insatisfeito, para ele falta algo na sua vida e ele acredita que seja Shimamoto. Ele constrói essa mulher ideal em cima de lembranças da amizade de infância e, nenhuma mulher que entra na sua vida é páreo para aquela que está no pedestal.
Gosto muito da personagem Yukiko, a esposa de Hajime, passamos a maior parte do livro quase não notando sua presença, mas no final eles tem um diálogo maravilhoso e ela mostra a que veio.
Enfim, esse é meu primeiro romance de Murakami, já li vários contos e o autor é um dos meus preferidos, o romance veio para selar ainda mais esse amor.

Nome do Livro: Sul da fronteira, oeste do sol
Autor: Haruki Murakami
Editora: Alfaguara (Tag Experiências Literárias)
Ano: 2020
Páginas: 230

Leia também a resenha do livro Todos os nossos ontens de Natalia Ginzburg, livro enviado pela Tag Experiências Literárias em Junho de 2020.