O cabo Roque morreu durante a guerra de uma forma heróica, com isso sua cidade natal Asa Branca na Bahia colhe os louros há mais de 15 anos. Movida pelo turismo e pela devoção ao santo Roque
Escritos na década de 1970, em plena ditadura militar, os contos de Pedras de Calcutá, abordam temas como a repressão, liberdade sexual e paranoia de uma forma extremamente desconfortável.
A obra é uma coletânea de contos, divididos em duas partes “O mofo” e “Os morangos” e no fim, há o conto Morangos mofados que intitula o livro.
O livro é extremamente perturbador, íntimo e inquietante, o autor explora temas como a sexualidade, a homoafetividade, a repressão e o preconceito de uma forma crua e honesta. Caio tem o poder da descrição, o que nos permite visualizar com muita facilidade as características físicas e os sentimentos das personagens, essa profundidade é tão grande que conseguimos sentir o calor, o nojo, o gosto, o toque e o cheiro descritos.
Alguns contos me impactaram mais, como Os sobreviventes; Terça-feira gorda; Sargento Garcia; Caixinha de música e Aqueles dois. No final da obra há a transcrição de uma carta de Caio, enviada ao amigo e jornalista José Márcio Penido, onde o autor fala sobre a construção de Morangos mofados e sobre o ato de escrever.
O livro além de muito bem escrito, traz uma carga musical muito grande. O autor cita trechos de músicas e alguns contos têm a indicação particular de uma música, por exemplo, Os sobreviventes (para ler ao som de Angela Ro Ro).
Esse foi o meu primeiro contato com Caio e eu estou sem palavras. É o tipo de texto que nos dá vontade de falar e silenciar ao mesmo tempo. Uma sensação de engasgo, de enjoo, de solidão. É uma mistura de desconforto e êxtase.
A obra é um clássico da literatura gótica, que nos conta até onde vai a ambição de um cientista e o sentimento de rejeição de uma criatura.
Victor Frankenstein é um jovem estudante e cientista com uma grande ganância, gerar vida. Ele então desenvolve um método para dar vida a um ser inanimado criado por ele, mas quando enfim alcança seu propósito, Victor desespera-se com a aparência “repugnante” do ser e foge transtornado. Quando retorna, seu monstro já havia desaparecido.
O monstro (que não possui nome na obra) sobrevive de maneira precária, e é rechaçado pelos humanos, que se assustam com sua aparência, assim um sentimento de solidão e vingança assola o monstro e ele comete vários crimes para chamar a atenção de seu criador. O que a criatura quer é uma companheira, ele não consegue viver sozinho, mas a ideia de criar outro ser como ele assusta Victor, e ele recusa.
Após essa recusa, o monstro fica mais transtornado e comete diversas barbáries para vingar-se de seu criador. Quando se vê sozinho no mundo e corroído pelo remorso, Victor persegue sua criatura para dar um fim em seu sofrimento, matando ou morrendo.
Devido as suas inúmeras adaptações, essa é uma daquelas histórias que todos pensamos estar familiarizados, mas na realidade não estamos. A delicadeza da escrita de Mary Shelley surpreende desde o início, a complexidade dos personagens e o fato de sentirmos apreço pelo “monstro” mostra o quão errônea essa história ficou no nosso imaginário (pelo menos no meu). O livro foi um grande marco para a literatura de horror e ficção científica, abordando o cientificismo e o preconceito, temas que avançam as barreiras do tempo, nos mostra como essa obra incrível ainda tem muita relevância na atualidade.
A obra aborda a dualidade do caráter e da personalidade humana, o bem contra o mal.
Mr. Utterson é um advogado que está intrigado com o testamento de um de seus clientes, o médico Dr. Jekyll, pois no testamento ele deixa todos os seus bens para Mr. Hyde, um jovem estranho e de má reputação. A preocupação do advogado piora quando um assassinato ocorre na cidade e todas as pistas incriminam o jovem Hyde.
O clima fica cada vez mais tenso entre advogado e cliente, e tudo piora quando Dr. Jekyll isola-se em casa e se recusa a receber os amigos. Até que numa noite, o mordomo do médico procura Mr. Utterson dizendo que há algo estranho com o patrão, ele não sai mais do laboratório e sua voz já não parece a mesma.
O advogado e o mordomo arrombam a porta do laboratório e encontram Mr. Hyde morto (suicídio) com roupas muito largas para seu corpo. Mas não encontram o médico, apenas uma carta escrita por ele e endereçada ao advogado.
Na carta Dr. Jekyll explica que tem trabalhado nos últimos tempos em uma poção, capaz de dividir o homem, que segundo ele não é verdadeiramente um ser, mas dois. Ele consegue desenvolver a poção e a experimenta em si mesmo, é aí que o médico vira Mr. Hyde, um homem sem escrúpulos ou remorsos, capaz das maiores atrocidades. O problema é que o lado malvado começa a se sobrepor sobre o outro, e a tentar controlá-lo.
Diversos livros e filmes baseiam-se nessa obra, por isso, a trama pode parecer comum nos dias de hoje, mas levando em conta sua publicação em 1886 vemos o quão original ela é. A narrativa do autor é muito fluida e o enredo prende a atenção. Acho que o tema poderia ser muito mais explorado, mas entendo que para a época já foi um grande impacto e, não é por menos que influencia tantas outras obras.
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