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Nome de Livro: Um amor incômodo

Autora: Elena Ferrante

Editora: Intrínseca

Ano: 2017

Páginas: 176

 

Já no começo da narrativa, Delia descobre que sua mãe morreu afogada em circunstâncias suspeitas, o que a faz questionar se realmente a conhecia. Amalia sempre muito recatada e comedida foi encontrada morta, praticamente nua, usando apenas um sutiã de grife.

Durante todo o livro Delia reencontra pessoas do passado e relembra (confusamente) acontecimentos da infância. Ela parece ter uma dupla relação com a mãe, tanto em vida como agora depois da morte, ao mesmo tempo em que repudia os atos e quer parecer o mínimo possível com Amalia, ela muitas vezes reconhece traços da mãe em si mesma e parece gostar da semelhança.

O importante salientar é que todos os fatos são expostos pela visão de Delia, ela é a narradora, e parece muito confusa com suas próprias memórias. Sua mãe realmente tinha um amante? Provocava os homens propositadamente? As únicas memórias que não parecem confusas e que podemos realmente afirmar como verdadeiras é em relação à violência paterna, Amalia sofria com o ciúme do marido e foi agredida diversas vezes, e mesmo depois da separação ele continuava ciumento e violento.

A obra é sobre uma filha tentando conhecer a mãe, nas lembranças, nas pessoas e em si mesma. Ou, é uma tentativa de não reconhecer-se na própria mãe.

Esse foi o primeiro livro publicado por Elena Ferrante e já é notório o seu estilo narrativo e seu talento. Talvez a crueza dessa obra não agrade algumas pessoas, mas ela é de uma incrível profundidade, com grande carga psicológica e subjetividade. É perturbadoramente íntimo.

NOTA: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥