Nome do livro: Um dia de chuva
Autor: Eça de Queiroz
Editora: Cosacnaify
Ano: 2011
Páginas: 56
Conto pouco conhecido, escrito por Eça de Queiroz no fim de sua vida, ficou inacabado, mas constitui-se em uma curta e bela amostra de seu poder narrativo.
José Ernesto é um homem solteiro, não muito jovem, que está interessado em adquirir uma propriedade no campo. Sempre foi um sonho ter uma boa propriedade rural, onde pudesse hospedar os amigos e uma quinta no norte de Portugal parece ser perfeita, se não fosse a chuva que assola o lugar, impedindo-o de conhecer melhor.
José Ernesto fica hospedado na quinta, na companhia dos empregados e de padre Ribeiro, que com a chuva torrencial os impedindo de sair, começa a contar histórias da família do proprietário e, José Ernesto se interessa, principalmente, por uma de suas jovens filhas.
Pela descrição de padre Ribeiro a menina Dona Joana além de muito bonita, possui temperamento forte e idéias pouco convencionais, para jovens de sua idade, o que aguça mais ainda o interesse de José Ernesto. E em meio a essa chuva que não cessa, ao conforto simples que a casa no campo oferece, José Ernesto começa a se desvencilhar de sua vida na agitada Lisboa e a cogitar comprar a propriedade, tudo isso maravilhado com a imagem de uma mulher que ainda não conheceu.
Esse conto me lembrou muito o romance A cidade e as Serras, do mesmo autor, talvez por que foram escritos na mesma época e, por enaltecerem a natureza e essa atmosfera mais simples. Juntando essa narrativa mais poética do Eça e a simplicidade e doçura do enredo, resultou em uma obra linda. Vale ressaltar também, que a edição da Cosacnaify, está ricamente ilustrada por Guazzelli.
Avaliação: 5/5 ♥
Nome do Livro: A relíquia
Autor: Eça de Queirós
Editora: Martin Claret
Ano: 2007
Páginas: 239
Teodorico Raposo fica órfão ainda criança, e é levado aos cuidados de sua tia D. Patrocínio, uma beata muito rica, que cria o garoto com todo o conforto, mas sempre cobrando retidão. O que a tia não sabe é que Raposo é muito boêmio e apenas finge ser religioso para herdar sua fortuna.
Os anos passam e Raposo consegue manter sua boemia escondida de D. Patrocínio e, ela crendo na sua retidão o envia à Terra Santa, para que não só visite o local sagrado, mas que traga uma relíquia sacra para a tia. Em Jerusalém, o jovem vive grandes peripécias, uma delas é o romance com Miss Mary, que lhe dá uma camisola perfumada de recordação, e já cansado de tanta religiosidade e tendo encontrado a relíquia perfeita para enganar a tia (uma réplica da coroa de espinhos) ele volta para Portugal.
Na volta é recebido com todos os mimos da tia, até ele lhe entregar a relíquia errada, ao invés da coroa de espinhos ele lhe entrega a camisola de Miss Mary. D. Patrocínio expulsa o sobrinho de casa, este a princípio vende as outras bugigangas trazidas de Jerusalém, mas sem dinheiro, aceita um emprego oferecido por um velho amigo. A tia morre e deixa o óculo para o sobrinho, para que ele veja de longe a fortuna que não herdou.
Raposo casa-se e aprende a não mais mentir, mas no fim ele ainda se martiriza por não ter enganado a tia uma última vez, dizendo que a camisola era, na verdade, de Maria Madalena.
De longe esse foi o livro mais fraco que li do Eça de Queirós, mas ainda assim é muito interessante. A crítica a religião (não a fé) e a sátira aos idólatras, são o ponto principal dessa obra, cheia de realismo e humor.
NOTA: ♥ ♥ ♥
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