Terminei a leitura de O parque das irmãs magníficas e ainda estou sem saber como expressar todos os sentimentos que esse livro me causou. 


O livro, escrito pela argentina Camila Sosa Villada é uma oração, um pedido de perdão e uma celebração à todas as mulheres travestis que ampararam Camila nos anos em que ela se prostituiu em Córdoba. Essas mulheres que se reuniam no Parque Sarmiento para se proteger e, acabaram se unindo numa belíssima família lideradas por uma matriarca emblemática, a tia Encarna.
Em sua narrativa extremamente poética, Camila mistura relatos da sua infância no interior da Argentina, a fúria do pai alcoólatra, a negligência de uma mãe apática e todas as pequenas e grandes violências sofridas por uma comunidade preconceituosa. Camila chega à Córdoba para estudar na universidade e precisa se prostituir para sobreviver, como ela mesma diz ” meu corpo, que vendo para poder viver como mulher “.
A cada capítulo Camila vai contando, além de sua própria história, um pouco das histórias dessas mulheres. Cheia de dor e luta essas narrativas vão ganhando um toque de realismo mágico, impregnando às páginas de um lirismo único. 
O rumo dessas histórias muda quando tia Encarna encontra um bebê abandonado no parque. O menino quase morto pelo frio, é adotado pela tia e passa a integrar a família travesti, oferecendo brilho aos olhos de todas (inclusive a mãe o batiza de Brilho dos olhos).
Você vai encontrar nessas páginas muitos gatilhos de violência, mas também muito amor e companheirismo. Camila Sosa Villada traz luz à vivência travesti, tão marginalizada pela sociedade, essa luz tão bela quanto a frase personagem Angie “Ser travesti é uma festa, aproveite “.

Nome do livro: O parque das irmãs magníficas
Autora: Camila Sosa Villada
Editora: Tusquets
Ano: 2022
Páginas: 208