Seguindo os cartões postais de seu tio Leroy, Mimi Bull Shield e seu marido Blackbird Mavrias saem em uma viagem pela Europa tentando resgatar um artefato que Leroy levou consigo e acabam resgatando muito de sua ancestralidade.


Esse é o tema central de “Indígenas de férias”, livro de Thomas King indicado por Margaret Atwood à Tag curadoria. Mas o livro de King não para por aí, trazendo personagens carregados de complexidade e com um humor sarcástico delicioso, o autor nos leva à uma viagem com esse casal de meia idade tentando se reconectar com seus antepassados, com seu casamento e, principalmente, consigo mesmos. 


Portanto estamos em Praga e Blackbird é um jornalista aposentado, de origem Cherokee (grupo indígena das Primeiras nações), que odeia viajar e está lidando com seus próprios demônios (depressão e doenças crônicas). Já Mimi é uma artista de origem Blackfoot (outro grupo das Primeiras nações), uma mulher incrível e perspicaz tentando animar o marido durante as viagens (e pra mim essa busca pelo artefato é uma desculpa para tirar Blackbird da rotina). 


Vemos um contraponto entre o casal que dá muito certo, um literalmente completa o outro. O livro se desenvolve em Praga, mas há vários flashbacks onde sabemos como eles se conheceram, um pouco sobre a vida e a carreira de cada um e suas relações com a origem indígena.
É um livro brilhante onde o autor quebra estereótipos, por retratar um casal indígena viajando de férias, ele contraria o imaginário enraizado do indígena habitante da mata, e bate de frente com a crítica à urbanização dos povos. 


Mais uma vez a Tag curadoria me surpreendeu com uma das melhores leituras dos últimos tempos.

Nome do Livro: Indígenas de férias
Autor: Thomas King
Editora: Dublinense
Ano: 2022
Páginas: 320