Mario Cardoso é um ator em decadência, que se vê no fundo do poço, com o encerramento de sua turnê da peça Rei Lear. Motivo do encerramento da turnê? Mario não consegue conter suas crises de riso em cena.
Fechei 2017 com 56 leituras concluídas (meu recorde pessoal), conheci vários autores, e por sorte os amei mais do que me frustrei. Meu grande ganho nesse ano foi ter lido mais autoras, graças ao grupo Leia Mulheres e, ter explorado mais autores estrangeiros de nacionalidades variadas. Que venha 2018! ♥
A obra é composta por duas novelas curtas e independentes, do escritor alemão Thomas Mann.
A primeira, A morte em Veneza, traz a história do escritor Gustav von Aschenbach, que viaja à Veneza em busca de descanso e inspiração (já que está passando por um período de crise criativa). Hospedado em uma espécie de resort, Aschenbach começa a observar uma família de turistas, mas principalmente, o filho mais novo, o jovem Tadzio. Com o tempo a admiração pela beleza e jovialidade do menino torna-se obsessão, o escritor o persegue durante todo o dia, já não consegue dormir a noite sentindo falta de Tadzio, muda sua aparência para parecer mais jovem e convidativo ao rapaz e, ignora os riscos de uma epidemia de cólera para não deixar de vê-lo todos os dias.
Avaliação: 5/5 ♥
Na segunda novela (com traços autobiográficos), Tonio Kröger, acompanhamos o crescimento do protagonista homônimo. Filho de um cônsul e habituado a alta burguesia, Tonio era tímido e se sentia diferente dos demais, principalmente, pela descendência latina vinda da mãe. Apaixonou-se na infância por seu colega de escola Hans e, na adolescência por sua companheira na aula de dança Inge, mas com a morte de seu pai e a decadência da família, torna-se escritor e se muda para outro país. Com o passar dos anos, Tonio continua a contestar sua existência e origem e a buscar um lugar no mundo, e o reencontro com Hans e Inge desencadeia diversas reflexões.
Avaliação: 4/5
Os textos de Thomas Mann são mais lentos, por conter muita informação em poucas páginas, são obras que precisam de análise e, certamente, releitura. A sensação que tive ao terminar cada novela, foi que o texto aflora depois que refletimos, é o tipo de livro que carregamos por muitos dias depois de terminada a leitura.
Luis de Camões está em sua embarcação a caminho das Índias, e uma forte tormenta muda seu rumo e seu tempo, levando-o ao Rio de Janeiro do fim do século XX.
Em sua visita, Camões se depara com traficantes e pais de santo, se apaixona por uma prostituta e encontra um exemplar de sua obra Os Lusíadas, confirmando que se tornará um poeta no futuro. A princípio, nosso viajante parece não querer deixar essa terra futurística, mas quando resolve fazer uma leitura dramática de seu poema, a linguagem é tão estranha ao povo que Camões acaba vaiado. Deprimido, ele clama aos céus para ir embora e é atendido, no fim ele volta ao início, em sua caravela, rumo às Índias, durante a tormenta.
O texto é muito bem humorado, e explora a diferença grotesca entre o protagonista e os brasileiros do século XX, principalmente em relação a linguagem. O bom humor deixa o texto mais leve, mas por se tratar de um poema no estilo épico, e por conter inúmeras referências, requer atenção e pesquisa.
A obra é um compilado de 9 artigos, escritos pela jornalista e historiadora Rebecca Solnit, abordando temas políticos e sociais, mas principalmente, sobre a posição da mulher na sociedade.
O primeiro artigo “Os homens explicam tudo para mim”, que intitula o livro, a própria autora estava em uma festa, e o anfitrião um homem rico e bem relacionado começou a falar para ela sobre um livro importantíssimo que foi publicado naquele ano, e a explicar o tema complexo desse livro, sem lhe dar a chance de contar que a autora da obra que ele mencionava, era ela mesma. Esse artigo, inspirou a origem do termo “mansplaining”, junção das palavras man (homem) e explaining (explicam), para descrever homens que tentam explicar ás mulheres assuntos que elas já dominam.
A autora cita casos de estupro coletivo, assassinatos em massa e violência doméstica e, munida de estatísticas, expõe a cultura machista enraizada na sociedade. Outros temas desenvolvidos por Rebecca, é o confinamento/silenciamento (Avó aranha) e a falta de credibilidade (A síndrome de Cassandra) que envolve as mulheres.
A literatura feminista tem crescido muito nos últimos anos, tanto com novas obras, como com textos antigos republicados. Meu contato ainda é recente, e das obras que já li, achei esse livro mais direto, duro, impactante e esclarecedor, e expande a discussão sobre exploração, misoginia, sexismo e violência.
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