Obra publicada em 1938 pela escritora britânica Daphne Du Maurier, é considerada um clássico do romance gótico e atingiu enorme sucesso quando sua adaptação, dirigida por Alfred Hitchcock, ganhou o Oscar em 1941.


O livro é narrado em primeira pessoa, por uma protagonista que não tem nome, uma jovem muito simples e até mesmo desajeitada, que trabalha como dama de companhia de uma senhora viúva e, no início da trama, ambas estão hospedadas em um hotel em Monte Carlo, quando encontram o rico viúvo Maxim de Winter.
Maxim e a jovem começam a se encontrar em almoços e jantares, realizam passeios pela cidade e o que parece ser só uma amizade entre pessoas de classes sociais distintas, torna-se um pedido de casamento repentino e, em poucos dias a jovem simples transforma-se em Mrs. de Winter, senhora de Manderley.
Manderley é a propriedade da família de Maxim e, mais que uma casa belíssima à beira mar, com jardins deslumbrantes e coleções de obras de arte, Manderley é um personagem da trama.
O que a nova Mrs. de Winter não esperava é que a sombra da falecida esposa ainda paira por toda Manderley. Rebecca de Winter foi uma mulher inteligente, bela e adorada por todos, principalmente os empregados da mansão e, a nova Mrs. de Winter terá que conviver com a pressão de substituir essa mulher inesquecível.
Já queria ler Rebecca há muito tempo, por conta da adaptação vencedora do Oscar e, agora com essa nova versão lançada pela Netflix, aproveitei a chance de ler o livro. A narrativa de Du Maurier me prendeu durante toda a leitura, muito descritiva (mas não a ponto de tornar-se cansativa) e com personagens bem construídos, mas mesmo com todo o potencial da trama, imaginei que o desfecho seria diferente.
Como muitos livros, esse também não foge às polêmicas. Daphne Du Maurier foi acusada de plágio por uma escritora brasileira, Carolina Nabuco lançou o seu livro A Sucessora em 1934 e, com o sucesso do livro no Brasil, enviou algumas traduções para agentes literários americanos e britânicos, um deles, o agente de Du Maurier.
Mesmo com toda a polêmica, não há registros de processo acionado por Carolina, mas quem leu as duas obras (ainda não li A Sucessora, mas fiquei muito curiosa) percebe claramente a “inspiração” de Du Maurier.

Bom, vamos às adaptações.


Assisti ao filme de Hitchcock de 1940 e, ao lançado pela Netflix esse ano, dirigido por Ben Wheatley. É claro que ambos tiveram modificações consideráveis na trama de Du Maurier, o que faz parte do processo de roteirização de uma obra, mas o filme da Netflix me incomodou muito mais. Longe de ser um drama psicológico, o filme de 2020 é um drama romântico, o que o fez perder toda a essência do livro. O filme de 1940 mantém o clima tenso que a protagonista vivencia, apesar de mudar um ponto importante no desfecho da trama.
Espero que se você leu Rebecca e, pretende assistir ao filme da Netflix, não deixe de conferir a adaptação de Hitchcock, que além de muito mais fiel ao livro, é sempre uma delícia um filminho em preto e branco.

Nome do livro: Rebecca
Autora: Daphne Du Maurier
Editora: Abril
Ano: 1981
Páginas: 396

Leia também a resenha de O sol é para todos de Harper Lee, outro livro que possui uma adaptação cinematográfica incrível.