Narrada em primeira pessoa pelo protagonista, a obra nos conta sobre a vida de Paulo Honório e todos os acontecimentos que o levaram de miserável a fazendeiro.
A narrativa não é linear, o narrador relata suas memórias começando pela vida difícil na infância, por ser órfão e criado por uma negra doceira, Paulo Honório utilizou de todas as maneiras escusas para enriquecer. De volta a sua terra natal, Viçosa em Alagoas, ele compra a propriedade de São Bernardo.
A compra de São Bernardo já mostra o caráter de Paulo Honório, ele engana o herdeiro da propriedade o induzindo a falência, e compra as terras por uma ninharia. O protagonista é um empreendedor e faz a fazenda prosperar, mas sempre tratando seus empregados com muita brutalidade e violência.
Quando casa-se com a jovem professora Madalena, é que a vida de Paulo Honório começa a mudar. Muito instruída a professora não é a esposa frágil e submissa como ele esperava e começa a exigir melhorias para os empregados e para suas famílias, o que deixa o marido muito irritado. Eles tem diversas brigas e tudo piora quando Paulo Honório começa a sentir ciúmes da mulher.
Ele começa a suspeitar de todos os amigos e até dos empregados, as brigas e xingamentos são constantes e é visível a mudança física de Madalena com toda essa pressão. O ápice é quando ele encontra uma folha escrita com a letra da esposa e acredita tratar-se de uma carta endereçada ao suposto amante. Ele reage de forma bruta e impensada com Madalena levando-a a tomar medidas drásticas.
Já tinha lido duas outras obras de Graciliano e não tinha me impressionado, creio que por ser muito nova na época, isso prejudicou minha experiência de leitura. Comecei São Bernardo com muito receio e me maravilhei. Ricamente desenvolvido, com uma narrativa muito fluida e personagens marcantes. Uma obra prima da literatura nacional, que ganhou essa maravilhosa nova edição da Editora Record.
Nome do livro: São Bernardo
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Ano: 2019
Páginas: 287
Leia também a resenha de Ladainha da poeta Bruna Beber, outra linda edição da Record.
De nada! Eu que te incentivei hahaha Resenha maravilhosa <3
Verdade, se não fosse você não daria outra chance ao Graciliano!!
Eu tenho esse livro há anos (numa edição da Best Bolso que vem 2 livros do Graciliano, esse e o Caetés) e nunca li. Depois que eu terminei Vidas Secas, fiquei curiosa para ler outras obras dele. Sua resenha despertou mais ainda esse meu interesse…Creio que será minha próxima leitura.
Um abraço :*
Oi Nanda, obrigada pela visita.
Eu também só tinha lido o Vidas Secas, mas achei São Bernardo muito melhor. Leia e depois me fala o que achou.
Beijos!!