Rupi Kaur começou a escrever poemas através de redes sociais e sua voz feminista, feminina e marcante ganhou notoriedade. Essa obra é um compilado de poemas divididos em quatro partes (a dor, o amor, a ruptura e a cura) e também conta com ilustrações feitas pela própria autora.
Rupi escreve poemas curtos, diretos, mas muito intensos. Abordando temas, como abuso, amor, violência, maternidade e sexualidade, a autora consegue ter uma voz muito poderosa e ao mesmo tempo muito doce. É uma obra que deve ser lida aos poucos, os poemas ficam enraizados e requer reflexão. É realidade pura, é visceral.
Editora: Companhia das Letras (Companhia de Bolso)
Ano: 2014
Páginas: 103
O livro é uma coletânea de contos do manauara Milton Hatoun, são textos leves com um toque quase lírico típico do autor.
São 14 contos, retratando, em sua maioria, a vida, os prazeres e os dramas dos amazonenses. O autor inclui Manaus como personagem principal, destacando suas belezas naturais e o clima da cidade, quase conseguimos sentir o calor típico da região.
Dois contos me encantaram mais. Em Uma estrangeira da nossa rua, Hatoum retrata um jovem apaixonado pela vizinha Lyris, uma ruiva de olhos verdes que mexe com a imaginação do rapaz. Já em Um oriental na vastidão (meu preferido), o autor mostra a paixão de um japonês pelo rio Negro, paixão essa tão grande, que ele pede em testamento que suas cinzas sejam jogadas no rio.
“Sua profissão levara-o a terras distantes e, em cada rio que navegava na África ou na Ásia, aumentava o desejo de conhecer o maior afluente do Amazonas.”
Um excelente livro de contos, que nos leva em viagem ao universo de Hatoum, nessa Manaus linda, quente e cheia de mistérios.
Único romance de Emily Brontë, O morro dos ventos uivantes é um clássico da literatura universal que aborda uma história de amor e ódio, mas principalmente de vingança.
Heathcliff foi adotado pela família Earnshaw ainda na infância, mas sua adoção desagradou a quase todos, sua única amiga na casa é a caçula da família, Catherine. Juntos, cresceram a afeiçoaram-se um ao outro, mesmo sobre as humilhações do irmão mais velho de Catherine, Hindley, que depois da morte do pai, tratou Heathcliff como empregado.
O jovem parecia não se importar com as constantes humilhações, sua relação com Catherine supria suas infelicidades, mas quando a moça resolve casar-se com Edgar Linton, Heathcliff começa a mostrar seu lado mais sombrio.
Esse amor doentio faz com que o personagem cometa inúmeras atrocidades, ele leva Hindley à falência e cria o filho do inimigo como empregado, assim como foi criado. Ele seduz a irmã de Edgar para atingi-lo e, mesmo depois da morte de Catherine, ele joga toda sua ira numa vingança cruel sobre a filha de sua amada.
Emily Brontë conseguiu exprimir nesse romance toda a maldade da alma humana, todo o tormento que o amor e ao mesmo tempo, a humilhação podem causar. É a segunda vez que leio esse livro, e o que acho mais incrível nessa obra que transborda violência e paixão, é que foi escrita por uma jovem que vivia praticamente reclusa em casa, convivendo apenas com familiares, em pleno século XIX .
Editora: MEDIAfashion (Coleção Folha grandes nomes da literatura)
Ano: 2016
Páginas: 128
O autor insere nessa obra um personagem atormentado e instável, que defende seus atos e sua reclusão.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira, o narrador ou o “homem do subsolo” se apresenta e explica porque escreve essas memórias. Ele é um homem de quarenta anos, que está doente e vive isolado, ele explana suas impressões sobre o mundo e sua relação de desprezo consigo e com as outras pessoas.
Já na segunda parte do livro, o narrador nos conta três passagens de sua vida que o fizeram chegar ao subsolo (infelicidade, fraqueza, desgosto), sua relação com amigos de escola, com uma prostituta chamada Liza e com um oficial da polícia que não nota sua existência. Nessas três histórias notamos sua intenção frustrada de fazer-se notado e de manter um convívio social.
Dostoiévski consegue retratar nessa novela curta a realidade da mente. O seu instável personagem nos passa diversas sensações que vão de pena a asco, nessa incessante jornada para se compreender. Influência para a filosofia e para a psicanálise, Memórias do subsolo é um livro que requer atenção e certamente uma releitura.
A obra se passa na Rússia durante as guerras napoleônicas e, descreve a interação de três famílias principais, os Rostov, os Bolkónski e os Bezúkhov, num arco temporal de 1805 à 1820.
A trama principal acontece entre Natacha, Andrei e Pierre e suas relações com a guerra e a aristocracia russa. Natacha Rostova é uma jovem encantadora de uma família nobre, porém decadente que se apaixona pelo viúvo Andrei Bolkónski, mas os impulsos juvenis e a guerra acabam por separar o casal.
Pierre Bezúkhov é o filho bastardo e boêmio do Conde Bezúkhov e, com a morte do pai torna-se o único herdeiro de sua fortuna. Amigo íntimo e apaixonado por Natacha, sua boa índole e coração o impedem de declarar-se e, esse mesmo coração puro o leva a ser influenciado e enganado por muitos.
Vemos durante toda a obra o amadurecimento desses três personagens, seja emocional, intelectual ou espiritual. Natacha passa por muitas intempéries e o remorso acaba por amadurecê-la. Andrei também atravessa grandes acontecimentos, mas é a guerra que muda sua vida. Já Pierre, que desde o início do livro é bondoso, evolui com a religiosidade.
Não posso dizer que a guerra é o pano de fundo da história, mas que ela não somente é um grande personagem, senão o principal. A mudança da Rússia diante da iminente invasão de Napoleão Bonaparte e o patriotismo não só do exército, mas também da população é tocante.
É impossível descrever nessas poucas linhas a importância dessa obra para a literatura universal, e principalmente, sua importância para mim. Diferente de outras grandes obras que li, como Os Miseráveis de Victor Hugo, Tolstói não cria personagens santos, acima do bem e do mal. Ele cria seres humanos complexos, cheios de defeitos e qualidades, ele cria heróis possíveis.
Minha relação com esses personagens e com Tolstói foi muito íntima, sei que lerei muitos outros livros, mas esse talvez seja o meu livro da vida.
Comentários